domingo, 15 de novembro de 2009

Home

Estas frases são sempre tão bonitas de se ler! Mas são horríveis de se analisar... e pensar pode ser o mais terrível dos exercícios, não é à toa que a cultura popular diz que felizes são os ignorantes.
Mas onde está o meu coração? No sossego da cidade que me criou, onde em cada esquina esbarro com memórias minhas, onde tenho o conforto dos que me amam. Ou será que o meu coração prende-se no desafio de uma cidade que não me dá nada com facilidade, que todos os dias me provoca e que me trata como uma bruxa em contas de fada que me mostra uma maça vermelha e muita apetitosa, a põe mesmo à minha frente mas nunca a me deixa alcançar. E depois há mais outras, que se mostram e me roubam também o coração e que me dizem que eu ali eu também posso realizar os meus sonhos e me chamam com o mesmo canto que as sereias cantam. Eu não sei decidir, eu não quero decidir...
É perdida neste pensamentos que, momentaneamente, invejo quem nasceu e sempre viveu no mesmo lugar, quem não conhece o resto por isso pode ter um amor devoto por apenas um único lugar, sem dúvidas, sem nada a decidir ou escolher. Ou quem por força maior tem limitadas as escolhas e as opções acabam por se fechar reduzindo-se apenas a uma óbvia e sem margem para escolhas.
Mas quem foi feliz em muitos lugares não pode ter o coração só num lugar e não pode nunca deixar de querer estar em todos os lugares com a mesma ânsia e necessidade.
E falta um mês para as férias de Natal!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Luxo

Hoje uma cliente lá na loja, entra e pede para experimentar um casaco de malha (cardigan) que estava na montra. Entretanto vê outro que gosta mais e quer experimentar também. Rapidamente se decide pelo segundo. O lindo casaquinho tem o preço de £1085 ( não me enganei, a quantia tem mesmo 4 dígitos!). Depois de pagar, diz que não precisa de saco e amassa o casaco acabado de comprar de forma a caber na sua elegantérrima Hermès Birkin preta.

É normal lá as clientes evitarem utilizar os sacos da loja. Temos na nossa cabeça aquela imagem estereotipada de gente rica às compras cheias de sacos e quanto maiores melhores. Ideia muito errada! Os ricos mesmos, aqueles que gastam £1000 num casaco de malha sem pensar muito, nunca andam a passear com sacos a fazer propaganda às lojas. Já vi clientes a gastar uma fortuna, a tirar da sua "it bag" um saco em pano, bem do estilo "I'm not a plastic bag" e a guardar lá as suas comprinhas.

Luxo, o verdadeiro, é tudo menos ostentação!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Do avesso

Eu admito-me como uma mulher conservadora, daquelas que por mais do que algumas vezes gostaria, fica na ala dos mais velhos, compreendendo melhor as ideias de pessoas com o dobro da minha idade do que as ideias dos da minha idade. Mas por outro lado há uma conquista que me faz dizer com orgulho que sou uma mulher moderna, a minha independência. Vivendo em pleno século XXI numa cidade como Londres assumo que uma mulher ser independente não é posto de algumas mas dado adquirido por todas. Imaginem o meu choque ao ouvir que uma das empregadas da loja onde trabalho deixou de trabalhar porque... ficou noiva. Primeiro pensei que tinha compreendido mal. Até perguntei se ela estava grávida. Não é que pense que uma mulher por está grávida deva deixar de trabalhar, muito menos por ter filhos, mas até admito que o casal decida que a mulher deixe de trabalhar para cuidar dos filhos, afinal crianças necessitam de tempo e mesmo no infantário é preciso cumprir horários, e nem sempre quando se trabalha se pode sair cedo para ir buscar a criança, isso sem falar na fortuna que custa.

Mas continuando, a tal pessoa não está grávida e segundo o seu raciocínio lógico de pessoa muito inteligente como vai casar é obrigação do marido sustentá-la.

Mas a história não se fica por aqui. Então a tal mademoiselle deixou de trabalhar e foi para casa vegetar esperar pelo casamento que seria em Junho do próximo ano. Seria, não não me enganei no tempo verbal. Não é que a futura senhora "não sei o quê" descobre que o fiancé tinha outra, e pelos vistos a outra é namorada há tanto tempo como ela é noiva.

Pois é! E agora? Sem emprego e sem marido que faz esta senhora de bem? Não quero que este seja o final mas acredito qué é só ele pedir um bocadinho, e lá volta ela para ele...

É por isso que eu agradeço a educação que os meus pais me deram, ensinando-me que antes de tudo uma mulher tem que ser independente, ganhar o meu dinheirinho e poder ser dona do meu nariz.