Estes dias encontrei este texto que escrevi em Março de 2007.
Todos os dias temos milhões de razões para ser fã desta ou daquela pessoa. A verdade é que nunca fui muito de ser fã de ninguém. Vejo sempre as pessoas numa perspectiva bastante real por isso sou muito pouco propícia a idealizar quem quer que seja. Sempre tive pessoas pelas quais nutro bastante simpatia, mas simpatia essa intrínseca a razões estéticas. Nestes dias fiquei completamente fã de um actor americano. O seu olhar prende ao ecrã qualquer mortal com um mínimo de sensibilidade e bom gosto. Como habitualmente, tudo que me interessa é alvo de uma pesquisa na Internet e tanto o faço por aquele actor que vi num filme como por aquele rapaz conheci dias antes (posso garantir que já consegui descobrir coisas bastante interessantes, até o telemóvel daquele rapaz que andava vidrada fazia meses). Descobri que o actor é licenciado por uma das melhores universidades americanas e depois de acabar o seu curso, deixou para trás tudo que conhecia e rumou à outra ponta dos estados unidos à procura de um sonho. E pelos vistos até se tornar em uma estrela da televisão a nível mundial, trabalhou muito tempo quer a tirar fotocópias quer a servir café. Eu perante esta história quase me senti humilhada, deixo-me prender todos os dias a pequenas coisas, o salário certo ao fim do mês, o conforto de morar na casa dos meus pais a praticidade de ter um carro e vou abdicando todos os dias do meu sonho: ganhar o mundo e torná-lo menor. Porque não ganhar forças e ir embora. Procurar viver nos lugares que sempre sonhei, estudar numa grande cidade, morar sozinha e se um dia regressar ter a certeza que sou mais do que aquilo que era quando parti. Não pensem que depois disto demiti-me e arranjei lugar no primeiro avião, as coisas também não podem ser assim. Mas depois disto comecei a procurar aquilo que quero do futuro. Inscrevi-me num curso de Inglês, e tenho feito uma pesquisa intensiva sobre curso de pós graduação. Destino? Barcelona, Londres, Chicago são as que tenho na cabeça mas qualquer lugar pode ser. Outra coisa que me ensinou bastante foi uma entrevista em que o referido actor disse que o casting que o levou ao papel que actualmente é um mega sucesso foi menos complicado do que poderia ser porque já conhecia quase todas as pessoas que o estavam ali para testar, a quase todos já tinha servido café ou tirado fotocópias. Prova que humildade é um grande degrau para se chegar onde se quer, e que começar por baixo pode ser uma forma estruturada de se chegar ao topo.
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