quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Receita de ano novo

Para você ganhar belíssimo
Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano n
ão apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

Ponderações

Último dia do ano é um dia de ponderar a vida.
Olhar para trás e avaliar tudo o que se viveu nos últimos 12 meses e planear o que se quer para o próximo ano.
Nos últimos anos tenho por hábito, fazer um pequeno concílio com as amigas do peito e avaliar o ano passado e fazer resoluções para o ano novo. Normalmente as minha resoluções cumprem-se. Ano passado a minha resolução para 2008 era que fosse um ano de mudança. 2008 foi um ano de muita mudança. O primeiro semestre pautou-se pela normalidade que era a minha vida nos últimos anos. No segundo semestre veio a mudança. Londres era um sonho com quase dois anos, voltar a estudar e conhecer novos desafios era o que eu queria e foi o que eu tive. Não tem sido fácil, mas tudo tem valido muito a pena. Para 2009 quero que o meu mestrado continue a correr bem e quero chegar ao fim do ano com algumas experiências profissionais enriquecedoras. Quero acima de tudo continuar a sentir que trilho o caminho correcto e que os amigos e a família continuam a ter por mim o mesmo orgulho e carinho, porque sem eles e sem o apoio deles não sou nada. Eu sempre fui muito independente, mas sempre soube dar valor às pessoas que tenho à minha volta. Desde que estou em Londres ainda mais valor lhes dou, e mais tenho a noção que se eles não sou nada.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Here I am in London town...

Já estou em Londres outra vez. Foi óptimo estar no Porto, abraçar os amigos e voltar a sentir que pertenço ali e ali tenho o meu lugar. Mas estou de volta a Londres e é aqui que quero estar. É aqui que tenho os meus objectivos para cumprir, quer profissionais, académicos ou pessoais e é aqui o sítio perfeito para os concretizar, apesar de toda a conjuntura para dificultar as coisas.

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Every morning (a)bout half past eight,
My Mummer wakes me says,
”Don’t be late”,
Get to the office, tryin’ to concentrate,
My life is just a slow train crawling up a hill.
So I stop one day to figure it out,
I’ll quit my job without a shadow of a doubt,
To sing the blues that I know about,
My life is just a slow train crawling up a hill.
Minute after minute,Second after second,
Hour after hour goes by,
Working for a rich girl,
Staying just a poor girl,
Never stop to wonder why.
So here I am in London town,
A better scene I’m gonna be around,
The kind of music that won’t bring me down,
My life is just a slow train crawling up a hill.

Katie Melua, Crawling Up A Hill lyrics

sábado, 27 de dezembro de 2008

Mau tempo


E depois de uma tarde de sol fantástico ontem, de um pôr-do-sol em boa companhia e de copo de porto na mão, hoje tá um tempo que é o mesmo que dizer pior impossível. Chuva e muito frio ao mesmo tempo é dose!!! Bem, mas é apenas um pormenor já que os cafézinhos, lanchezinhos, jantarzinhos e muitas conversas e gargalhadas continuam em ritmo de cruzeiro.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

É como se nunca tivesse ido

Estar de volta é como nunca tivesse partido. Aqui tudo para mim é automático. Logo a chegar o pequeno almoço na marquise, depois o cabeleireiro. Voltei a pé para casa e fui até à baixa encontrar-me com as amigas. Comprinhas de última hora, alheira para o almoço, encontrar por acaso amigos na Santa Catarina e depois muitos dedos de conversa junto ao rio na Ribeira a apanhar sol.
Ao fim do dia fui a Braga. Tinha combinado com alguns amigos de lá encontrar-me com eles no Bananeiro(uma tradição bracarense onde antes da ceia de Natal as pessoas encontram-se na rua principal para beber licor e comer bananas).
E depois jantar de Natal em família, e o dia de Natal todo em família, os mesmos de sempre, muita comida, muita conversa e alguns filmes na TV.
Estar de volta é uma sensação de normalidade muito grande. As conversas são sempre tão boas e compridas, as nossas cusquices, as nossas impressões. O melhor presente de Natal é chegar e sentir que para todos é como nunca tivesse partido, sentir que continuo a fazer parte da vida deles, sentir o quanto as pessoas querem estar comigo e mesmo estando incontactável (o meu telemóvel ficou desactivo:() que conseguem contactar-me.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Aventuras culinárias

Ando a tentar passar do meu nível super mega básico na cozinha. O que tenho andado a fazer com alguma frequência são sopas. Gosto de sopa, mas ou é de mim ou os legumes aqui no Reino Unido são um pouco sem sabor. Comprei agriões, toda contente fiz a sopa, e quando fui comer não sabia a nada. Aquele sabor do agrião tão característico nem senti-lo. Enfim, ao menos a couve branca e o alho francês vão tendo algum sabor. A próxima tentativa vão ser os espinafres...

Ontem fiz umas batatas assadas temperadas com uma pasta de farinha, azeite, alho em pó, sal e pimenta (faltou o colorau mas não tinha em casa e nem sei como se diz em inglês para ir comprar). E até ficou bom. No sábado foi a vez do frango estufado. Temperei com umas horas de antecedência e depois refoguei com tomate, cenoura e pimento vermelho e ficou tudo muito saboroso.

Nada como não ter a mamã para cozinhar!

Mas os próximos dias serão de muita comidinha boa sem ter que entrar na cozinha:D

sábado, 20 de dezembro de 2008

as coisas vulgares que há na vida não deixam saudade...

Quantos menos dias faltam para regressar, mais aumentam as saudades. Nunca passei tanto tempo longe de casa. Mas afinal onde é a minha casa agora?

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Respostas

Quando se dá recebe. Os meus postais de Natal começam a regressar, surpreendentemente, em respostas de agradecimento e carinho, todas mostrando surpresa.
Outras respostas foram surpreendentes, mas apenas me disseram o que eu já sabia, porque há olhos que não conseguem ocultar o que sentem e há sentimentos que quando existem não podem deixar de ser sentidos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Memórias de outros Natais

Lembro-me perfeitamente das dias de Natal que passava a trabalhar no café. Os meus pais tiveram um café na baixa do Porto e eu praticamente fui ali criada, ainda hoje quando passo pela rua toda a gente me conhece e pergunta-me pela minha mãe, apesar de tudo o que mudou.
Os dias que antecediam o Natal eram sempre especiais. As pessoas que por ali passavam falavam de prendas e compras e faziam sempre muitos votos de boas festas. Principalmente no dia 24 antes de fecharmos e juntarmos-nos á família para a ceia de Natal, os votos de Natal eram ainda mais especiais. As pessoas quase sempre estavam atrasadas, corriam, ou porque saíram do trabalho tarde, ou porque ainda tinham uma longa jornada até se juntarem à família. Todos faziam questão de fazer votos de boas festas. E o faziam de sorriso no rosto, com ternura, como se todos fossem muitos felizes e vivessem uma vida sem preocupações. Pelo menos nesse dia eu acredito que é assim para um grande número de pessoas, só importa que é Natal e vão estar junto daqueles que amam. E eu não me cansava de repetir os votos de bom Natal a todos de sorriso no rosto.
É claro que também haviam histórias tristes. Pessoas sozinhas, sem rumo. Ficou-me na memória um jovem, todos os anos passava ali nas festas ( Natal, Páscoa, etc), trabalhava longe, talvez em Espanha na agricultura ou nas obras e passava ali a caminho de juntar-se à família em Trás-os-Montes. O rapaz era jovem e bonito, mas a beleza já estava quase toda apagada, um ar triste, desmazelado, mesmo doente. A minha inocência não me fez ver o óbvio que só um comentário me fez enxergar: "O que a droga faz às pessoas!"

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Sentimentos no correio

Os postais de Natal são uma das tradições que eu mais gosto de Natal. Eu amo escrever postais de Natal.
Este ano aproveitei a distância para recuperar este velho hábito. Foi todo um processo muito prazeroso. Primeiro a escolha dos postais, passei semanas a analisar as diferentes opções. Depois escreve-los. A cada pessoa disse aquilo que nunca lhes disse, como as admiro, como gosto delas, as saudades que tenho... Depois de todos selados e postos no marco do correio, fiquei com a sensação que podia ter sido sentimental, mas a verdade é para ser dita, e que mal tem as pessoas saberem o quanto são importantes para nós? Se calhar na vida delas não significo nada (tenho a certeza que não é assim em 90% dos casos) mas o que importa é o que eu sinto e há coisas que damos e não podemos esperar retorno.
Espero que os meus postais, que com tanto carinho foram preparados cheguem em breve aos múltiplos destinos.
E o Natal tem o dom de nos tornar mais felizes e mais ternurentos!

sábado, 13 de dezembro de 2008

Cidade dos Homens

Há umas semanas atrás fui jantar com uma amiga da faculdade que estava em Londres. Ela queria-me apresentar a outros amigos que ela tem aqui. A meio de uma conversa com um Cipriota, onde falávamos sobre cinema alternativo, ele falou-me de Cidade dos Homens, uma série brasileira que ele gosta de ver. Imediatamente lembrei-me da série, já que vi alguns episódios alguns anos atrás na GNT. Agora tenho os episódios todos de toda a sério e ando viciadissíma nas aventuras de Acerola e Laranjinha. A série nasceu depois do filme Cidade de Deus, e tem como mesmo cenário as favelas do Rio. A realidade dura está presente tanto no filme como na série, mas a série é muito mais soft, e conta as histórias por um lado mais positivo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Continuando com Clarice

"As pessoas que se comprazem no sofrimento, que gostam de sentir-se infelizes e fazer aos outros infelizes, jamais poderão orgulhar-se de sua beleza. O mau humor, o sentimento de frustração, a amargura marcam a fisionomia, apagam o brilho dos olhos, cavam sulcos na face mais jovem, enfeiam qualquer rosto. Essa é a razão porque a mulher, que cultiva a beleza, deve esforçar-se para ser feliz. Felicidade é estado de alma, é atmosfera, não depende de fatos ou circunstâncias externas.”
Clarice Lispector

Mas há pessoas que cultivam o pessimismo e gostam de o espalhar. O pior é normalmente também não sabem lidar com o optimismo das outras pessoas. E entram em choque, em guerras invisíveis só travadas por eles e mais fundo se enterram no lodo que criam à sua volta. Não são seres raros mas muitas vezes camuflados e muitas vezes só identificáveis quando já não é possível escapar-lhes sem mácula.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Dezembro

Será de mim ou o mês de Dezembro é o mais curto do ano?
Temo que Janeiro seja o mais comprido!

Hoje acordei a pensar no tempo. Como o tempo passa rápido e ao mesmo tempo parece que não se desenvolve. A verdade é que o tempo passa e leva com ele muita coisa, podemos sempre ter outras oportunidades, mas nunca as que perdemos em determinado tempo.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O tempo!

Desde que vim para Londres reparei que o tempo é assunto favorito das pessoas aqui.
Nos outros países o tempo também é assunto, mas normalmente para "quebrar o gelo" e iniciar outros tópicos de conversa. Aqui não, até nos e-mails nos falam do tempo. Perdem-se em conversas a falar de como está frio, de como chove, do sol que de vez em quando aparece, etc e tal.